quinta-feira, 13 de agosto de 2015
O CUIDADO COM A LÍNGUA
Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.
Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;
Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.
Tiago 3:1-12
INTRODUÇÃO
Veremos nesta reflexão os ensinamentos do apóstolo Tiago quanto ao uso da língua. E estudaremos sobre o poder que há neste pequeno órgão; e a força tanto destruidora como abençoadora que podem fluir deste minúsculo membro (Tg 3.1-12). Há um provérbio inglês que diz: “Tu és senhor da palavra não dita; a palavra dita é teu senhor”. Por isso, Davi orava a Deus e pedia: “Põe, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios!” (SI 141.3). Tiago se expressa com veemência sobre o poder das nossas palavras negativas, quando diz que a língua usada da forma errada é "um mundo de iniquidade"; que "contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno"; e, que ela é "um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero" (Tg 3.6,8).
I – A CARTA DE TIAGO E O USO DA LÍNGUA
Tiago demonstrou preocupação com os pecados da língua desde o início de sua carta (Tg 1.19; 26). Aqui, no capítulo 3, ele deixa claro que, a exemplo da fé que não evidencia obras generosas, a língua também pode demonstrar uma falta de transformação pelo Amor de Deus. A Bíblia nos mostra que a língua pode ser um instrumento de bênção ou de destruição. Salomão, em Provérbios 6.16-19, elenca seis pecados que Deus aborrece e um que a alma de Deus abomina. Dos sete pecados, três estão ligados ao pecado da língua: “a língua mentirosa, a testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”. Devemos ter muito cuidado com isso, pois as palavras podem dar vidaou matar:
“A morte e a vida estão no poder da língua...” (Pv 18.21);
"A língua deles é uma flecha mortal" (Jr 9.8).
Jesus disse que é a língua que revela tudo que há no coração (Mt 12.34-37), e ainda ensinou que o que sai da boca contamina o homem (Mt 15.11), e reflete o conteúdo do coração (Mt 15.18-19).
II – O PODER QUE HÁ NA LÍNGUA EM TIAGO 3.3-12
Tiago compara a língua com um cavalo sem freios, com um navio sem leme que pode bater nas rochas, com uma fagulha que incendeia uma floresta, com uma fonte contaminada, com uma árvore que produz frutos venenosos, com um mundo de iniquidade e com uma fera indomável. Assim como o freio determina a direção ao cavalo, e o leme, ao navio, também a língua pode determinar o destino do indivíduo. Vejamos:
2.1 A língua tem o poder de dirigir (controlar) (Tg 3.3,4). A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: “o freio e o leme”. Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua
é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso.
2.2 A língua tem o poder de destruir (Tg 3.5-8). Tiago lança mão de outras duas figuras “o fogo e o veneno”. Ele diz que uma fagulha pequena incendeia toda uma floresta. Assim como o fogo cresce, espalha, fere, destrói, provoca sofrimento, prejuízo e destruição, assim também é o poder da língua. O que Tiago está querendo nos alertar é que a língua tem o poder do fogo, o poder de destruir. Como o fogo destrói, também a língua destrói. A picada de um escorpião ou de uma cobra pode ser tratada, mas muitas vezes, o veneno da língua é incurável.
2.3 A língua tem o poder de deleitar (Tg 3.9-12). Tiago disse que a língua tem o poder de dirigir e citou dois exemplos: o freio e o leme. Também disse que a língua tem o poder de destruir e exemplificou com o fogo e o veneno. Mas, agora,Tiago fala que a língua tem, também, o poder de deleitar e citou mais dois exemplos: “uma fonte e uma árvore”. A fonte é um lugar onde os sedentos, os cansados chegam e encontram alento, vida, força, ânimo e coragem para prosseguirem a
caminhada da vida. Assim uma palavra boa: traz alento em meio ao cansaço; traz esperança em meio ao desespero; traz vida no portal da morte . Tiago compara também a língua com uma árvore e seu fruto. A árvore fala de fruto e que é alimento. Fruto renova as energias, a força, a saúde e dá capacidade para viver. Nós podemos alimentar as pessoas com uma palavra boa, uma palavra vinda do coração de Deus, uma palavra de consolo. Isto também fala de um sabor especial. Nós podemos dar sabor à vida das pessoas pela maneira como nos comunicamos.
III - TRÊS COISAS PRECISAM SER DESTACADAS NO PENSAMENTO DE TIAGO 3.6-12
O apóstolo Tiago no texto em apreço está enfatizando o mesmo que Jesus Cristo disse, que a boca fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34). Se o seu coração é mau, a palavra que vai sair da boca é má. A incoerência da língua está no fato de que com ela bendizemos a Deus e também amaldiçoamos ao irmão, criado à imagem e semelhança de Deus.
Vejamos três ensinamentos sobre o uso da língua em Tiago:
• Em primeiro lugar, “a língua é perigosa” (Tg. 3.6). Ela é mundo de iniquidade, ela é fogo, ela coloca em destruição toda a carreira da vida humana.
• Em segundo lugar, “a língua é indomável” (Tg 3.7). O homem, com o seu gênio, consegue domar os animais do campo, os répteis, e também os animais aquáticos. Doma todas as criaturas do ar, da terra e do mar. Porém, o homem não consegue domar a própria língua. Se conseguisse domar sua língua, diz Tiago, então ele seria um perfeito varão (Tg 3.2).
• Em terceiro lugar, “a língua é incoerente” (3.9-12). Não podemos encontrar em uma mesma fonte água salgada e água doce. Não podemos colher figos de um espinheiro nem espinhos de uma figueira, mas podemos falar coisas boas e coisas más com a mesma língua.
IV - A PERSPECTIVA DE TIAGO A RESPEITO DO USO DA LÍNGUA
Tiago ilustra a natureza perigosa de um órgão tão pequeno quanto à língua. Semelhante ao leme responsável por guiar um gigante em alto mar, ao freio na boca dos cavalos para dominar o seu corpo e, bem como, a faísca que pode incendiar uma floresta, assim é a potência da nossa língua tanto para fazer o bem quanto para o mal. A epístola de Tiago, irmão do Senhor, apresenta a sua mensagem seguindo o modelo do Senhor Jesus, recheada de ilustrações. Suas exortações e repreensões se tornam mais claras, a partir da linguagem que faz das comparações. Eis abaixo alguns
ensinamentos que podemos extrair da carta do apóstolo Tiago:
4.1 “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2). Obviamente todos nós já falhamos, já tropeçamos em nossa própria língua. Uma palavra falada é como uma seta lançada, não tem jeito de retorná-la. É como um saco de penas soltas do alto de uma montanha, não podemos mais recolhê-las. Se controlamos nossa língua, controlamos nosso corpo inteiro, e dominamos nossa vida. “Nós tropeçamos, e a Bíblia diz que é um laço para o homem o dizer precipitadamente, pois além
dos estragos provocados na vida de outros e na nossa própria vida, ainda vamos dar conta no dia do juízo por todas as
palavras frívolas que proferimos. Pelas nossas palavras seremos inocentados, ou pelas nossas palavras seremos
condenados”
4.2 Devemos ter muito cuidado com o que falamos para não cometermos injustiças e pecados contra nosso próximo. Sócrates, o pai da filosofia, costumava falar sobre a necessidade de passarmos tudo que ouvimos por três peneiras. Quando alguém chegava para contar-lhe alguma coisa, geralmente perguntava o seguinte: “Você já passou o que está me contando pelas três peneiras? O que você está me falando é verdade? A segunda peneira é: “Você já falou para a pessoa envolvida o que você está me falando?” A terceira peneira: “O que você vai me contar, vai ajudar essa pessoa? Vai ser uma palavra boa, útil, edificante para ajudar na solução do problema?” Se a pessoa não podia responder positivamente ao crivo das três peneiras, então, Sócrates era enfático: “Por favor, não me conte nada, eu não quero saber”
Jesus também nos ensinou esta mesma verdade quando disse: “Digo-vos, pois, que de toda
palavra fútil que os homens disserem, háo de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).
4.3 O apóstolo Tiago ensina-nos de forma ilustrada que, para o falar do cristão não ser prejudicial, precisa ser controlado. Pois, pelos freios, os cavalos selvagens podem ser domados (Tg 3.3). Esse freio é domínio próprio, uma das virtudes que compõe o fruto do Espírito - o fruto da disciplina (Gl 5.22). Logo, se o mais desenfreado membro do corpo, a língua, estiver em sujeição a Cristo, então todo o corpo será controlado. Peçamos ao Espírito Santo que ponha guarda na
porta dos nossos lábios (Sl 39.1; 141.3).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a nossa língua pode ser um instrumento de Deus para abençoar muitas pessoas, ou do diabo para destruição delas. Para que ela seja usada de forma temperante devemos nos submeter ao domínio do Espírito Santo. Por causa dessa tendência da natureza humana de pecar com a língua, a Bíblia exorta a “todo o homem seja pronto para
ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). Tiago chegou a dizer, nessa carta, que ninguém pode se dizer religioso sem primeiro refrear sua língua (Tg. 1.27). Se o homem conseguisse domar sua língua, então ele seria um perfeito varão (Tg 3.2). O apóstolo Paulo diz que antes de abrirmos a boca, precisamos avaliar se a nossa palavra é verdadeira, amorosa, boa e edificante (Ef 4.29).
Fonte : www.rbc1.com.br
domingo, 2 de agosto de 2015
O PERIGO DA BUSCA PELA AUTORREALIZAÇÃO HUMANA
"De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará."
Tiago 4:1-10
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que a busca pela autorrealização humana é nociva apenas quando é vista como um fim em si mesma. Em Tiago 4.1-10 encontramos o apóstolo ensinando que aquilo que pedimos a Deus pode não ser concedido se as nossas motivações forem equivocadas. Tiago exorta ainda que os cristãos não deveriam estar em conflitos uns com o outros; e, por fim, ele lembra que aqueles que decidiram seguir a Cristo devem se desligar completamente do mundo, pois o Senhor exige exclusividade.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA AUTORREALIZAÇÃO
O Aurélio diz que a palavra realizar significa: “alcançar seu objetivo ou ideal” Logo, a “autorrealização” pode ser definida como “ato ou efeito de realizar a si próprio”. “A realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando esse anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o Senhor nosso Deus à margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal” Em Tiago 4.3 vemos o apóstolo fazer a seguinte exortação: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. O referido versículo expressa a busca desenfreada
e nociva das pessoas pela autorrealização material. “A ideia central é que eles (os cristãos) desejavam a abastança financeira, a fim de se ocuparem mais diligentemente na busca pelos prazeres”
1.1 Ser cristão significa priorizar a busca pelas coisas espirituais. Faz parte dos ensinamentos tanto do AT quanto do NT o incentivo a prioridade pelas coisas espirituais (Is 55.1-3; Ag 1.2-8; Mt 6.33; Cl 3.1-3). O Aurélio diz que “prioridade” significa: “qualidade duma coisa que é posta em primeiro lugar, numa série ou ordem” No texto de Mt 6.19-24, Jesus fala da inutilidade de se esforçar DEMASIADAMENTE para ajuntar tesouros nesta vida, pois aqui, a traça e a ferrugem podem consumir, e o ladrão, pode roubar. Ainda nesta passagem, o Senhor diz que as riquezas podem dividir o coração do crente, de forma que ele venha a ter dois senhores, a saber: Deus e
as riquezas. Isso é pecado de idolatria (Cl 3.5; Ef 5.5).
1.2 Ser cristão não é viver à parte da realização material, mas buscá-la com equilíbrio. Ser um crente espiritual não significa viver alheio as realizações terrenas. A Bíblia nos ensina a buscarmos as coisas materiais com moderação (Pv 30.7-9; Rm 12.16; I Tm 6.8). O Aurélio diz que “equilibrar” figuradamente significa: “moderação, prudência, comedimento; autocontrole, autodomínio” Temos vários exemplos bíblicos de homens que de forma comedida usufruíram de prestígio social e riquezas; e, ao mesmo tempo, conservaram a sua fé. Eis alguns:
Abraão (Gn 13.2; Tg 2.23)
Jó (Jó 1.1-3; 20-22)
Daniel (Dn 1.17-21; 2.48)
dentre outros (I Cr 29.1-3; II Cr 17.5; 32.27).
II – O PROBLEMA DOS CONFLITOS
Em sua epístola, Tiago tratou de diversos problemas entre os cristãos, inclusive a discriminação na igreja (Tg 2.1- 12) e o uso indisciplinado da língua (Tg 3.1-18). Agora, volta a atenção para as “guerras e contendas que há entre vós” (Tg 4.1). Pelas palavras, o apóstolo deixa claro que havia divisões e disputas carnais entre os crentes. Ele nos fala sobre três tipos de conflitos que estavam acontecendo no seio da igreja. Vejamos cada um deles detalhadamente:
2.1 Conflitos pessoais (Tg 4.1). Tiago nos mostra que a fonte dos conflitos exteriores surgem de dentro do próprio homem (Tg 4.1-b). Veja também (Mt 15.18,19; Mc 7.20-23; Gl 5.20). “A palavra “prazeres” não significa necessariamente paixão sensual; nesse caso, é apenas cobiça. A cobiça está em operação nos membros do corpo e estimula a carne e gera problemas”
A carne é a natureza caída, isto é, as paixões, os desejos e apetites desordenados que nela residem (I Co 10.13; Tg 1.14,15; Gl 5.16-21). Paulo exorta-nos a entregar os membros de nosso corpo ao Espírito Santo, a fim de não cumprimos os desejos da carne (Rm 6; Gl 5.16-26; Ef 4.22-30).
2.2 Conflitos interpessoais (Tg 4.1,2). “As causas das guerras e contendas não são meramente econômicas ou intelectuais, mas morais. Como não havia nenhuma guerra civil nessa época, Tiago parece considerar principalmente a ideia de “brigas pessoais e ações judiciais, rivalidades e facções sociais e controvérsias religiosas” Em Tiago 4.1 a expressão “guerra” no grego “polemos” refere-se a “querelas e rixas”, enquanto “contendas” no
grego “machai” traduz-se como “conflitos e batalhas”. O apóstolo tinha em mente não as guerras entre as nações mas as discussões e divisões entre os próprios cristãos. A Bíblia exorta-nos a viver em comunhão, unidade e diante de possíveis questões e desentendimentos praticar o perdão (Sl 133; II Co 13.11; Ef 4.2; Fp 2.1-4; Cl 3.13).
2.3 Conflitos espirituais (Tg 4.4). Tiago deseja chocar os leitores quando os chama de infiéis, termo que também pode ser traduzido por “adúlteros”. É bom dizer que “a infidelidade em questão é caracterizada pela amizade do mundo baseada em seus desejos e prazeres. Tiago condena tal transigência e fingimento. É impossível servir a Deus e aos desejos do mundo, pois não se pode ser ao mesmo tempo amigo e inimigo de Deus. É preciso escolher” Nesse caso, o conflito não era pessoal, nem interpessoal, mas espiritual, pois alguns daqueles cristãos, viviam
indecisos sobre a quem deveriam servir. Todavia, o apóstolo diz que Deus não aceita dividir o nosso coração com o mundo, pois Ele nos quer exclusivamente para si (Tg 4.5; I Pe 2.9).
III – A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4). O apóstolo não faz referência aqui ao adultério físico, mas sim ao espiritual. Todo o conceito está baseado na ideia do Antigo Testamento que apresenta ao Senhor como o marido de Israel e a Israel como a esposa do Senhor. Esta figura é comum em todo o Antigo Testamento (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2). Neste mesmo sentido espiritual o Novo Testamento fala de “geração má e adúltera” (Mt 12.39; 16.4; Mc 8.38). Esta figura foi introduzida no pensamento cristão com o
conceito da Igreja como esposa de Cristo (II Co 11.2; Ef 5.24-28; Ap 19.7; 21.9). “Esta forma de expressão pode ofender a sensibilidade contemporânea, mas a figura de Israel como esposa de Deus, e da Igreja como esposa de Cristo têm em si mesmo algo de precioso. Significa que desobedecer a Deus é como quebrantar os votos do matrimônio” A Bíblia diz qual deve ser o comportamento do cristão em relação ao mundo:
POSTURA DO CRISTÃO REFERÊNCIAS
Não ganhar o mundo às custas da alma Mt 4.8-10; Mt 16.26
Não ser do mundo Jo 15.19; 17.14,16
Ser crucificado para o mundo Gl 5.24; 6.14
Brilhar como a luz no mundo MT 5.13-16; Fp 2.15
Negar os desejos mundanos e viver justamente Tt 2.12; Tg 1.27
Não ser amigo do mundo Tg 4.4
Escapar da poluição e corrupção do mundo II Pe 1.4; 2.20
Não amar o mundo nem as coisas que há nele I Jo 2.15-17
Ser como Cristo no mundo I Jo 4.17
Vencer o mundo com a fé I Jo 5.4-5
Não se conformar com o mundo Rm 12.1,2
IV – QUE ATITUDES DEVEMOS TOMAR PARA VENCER O DIABO, O MUNDO E A CARNE
4.1 “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). A ordem do verbo “sujeitai-vos” exige uma ação passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de alguém. A única maneira eficaz de resistirmos às artimanhas do Diabo, assim como aos desejos e paixões da nossa própria carne, é nos rendendo incondicionalmente ao Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1Pe 5.8,9).
4.2 “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8-a). Esta ordem indica uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude resulta numa reciprocidade de Deus “ele se chegará a vós”. Confira também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).
4.3 “Purificai os corações” (Tg 4.8-c). A purificação espiritual ocorre no ato da salvação (At 15.9; Tt 2.14) e, por isso, exige de todo cristão uma purificação pessoal, prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; II Co 7.1; I Ts 4.3; Hb 12.14).
4.4 “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10). Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt 18.4; Fp 2.5-11). Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação futura (I Pe 5.6).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, ser cristão na perspectiva de Tiago significa priorizar as coisas espirituais; não estar em conflito com os irmãos; e, desvencilhar-se completamente do mundo para servir somente a Cristo, pois é assim que Ele requer.
Fonte : www.rbc1.com.br
quarta-feira, 22 de julho de 2015
LIÇÃO 04 – PASTORES E DIÁCONOS 3 º TRIMESTRE DE 2015
Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância;
Guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.
1 Timóteo 3.1-4 ; 8-13
INTRODUÇÃO
A igreja de Éfeso, fundada por Paulo, estava enfrentando ataques de hereges: os judaizantes e os gnósticos. Preocupado com a saúde espiritual do povo de Deus e sua organização, o apóstolo envia o jovem cooperador Timóteo, obreiro de sua alta confiança. Em I Tm 3 o apóstolo dá orientações a Timóteo quanto a separação de obreiros, deixando clara a necessidade que a obra tem destes cooperadores; bem como destaca as qualificações morais que estes devem possuir para exercer liderança na congregação; e, por fim, qual a postura da igreja em relação a estes servos do Senhor.
I – TIMÓTEO: O PASTOR DA IGREJA DE ÉFESO
As cartas de Paulo a Timóteo e a Tito são conhecidas como epístolas pastorais porque tratam especificamente de orientações dadas a dois obreiros acerca da organização e saúde da igreja. Na ocasião em que foram escritas, a igreja já existia há cerca de trinta anos. O apóstolo Paulo escreve estas epístolas no intuito não só de instruir Timóteo e Tito acerca do combate aos falsos ensinos na igreja, mas também a de trazer instruções pessoais quanto a responsabilidade dos
cooperadores na igreja, bem como, orientações acerca da vida cristã.
1.1 A igreja na cidade de Éfeso. “ Éfeso era uma antiga cidade grega no território da Lídia, na Ásia Menor. Ficava localizada na desembocadura do rio Caister, cerca de cinquenta e seis quilômetros a suleste de Izmir (a antiga Esmirna mencionada no Novo Testamento). Era uma das mais importantes cidades da Ásia Menor, no que atualmente é a Turquia”
O ministério de Paulo em Éfeso foi singularmente eficaz. Ele estava nesta cidade na sua
segunda viagem missionária (At 18.1921), porém só obteve maior êxito na terceira viagem (At 19). Durante mais de dois anos (At 19.8,10) pôde pregar sem impedimentos, primeiro na sinagoga e mais tarde na escola de Tirano (At 19.9). Operou milagres especiais (At 19.11) e travou um contato mais direto com a população de Éfeso e da província em geral do que com a de qualquer outro lugar. Lucas nota que “ todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor
Jesus, assim judeus como gregos” (At 19.10), e que “ assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.20), e que o número dos que creram foi tão grande que a idolatria sofreu perdas econômicas (At 19.26,27). A igreja de Éfeso tornouse
um centro missionário, e durante séculos foi um dos baluartes do cristianismo na Ásia Menor.
1.2 A ação pastoral de Timóteo em Éfeso. A primeira epístola a Timóteo o apresenta dirigindo uma florescente comunidade cristã na cidade de Éfeso (I Tm 1.3a).
Era uma igreja mista, composta por anciãos e jovens (I Tm 5.1);
mulheres solteiras e viúvas (I Tm 5.2);
servos e senhores (I Tm 6.1);
ricos e pobres (I Tm 6.1719).
Paulo lhe dá diversas orientações quanto ao que deveria ser feito naquela igreja (I Tm 1.1820;2.13;
3.1-16). Mas havia uma necessidade urgentíssima. A comunidade de Éfeso estava sendo atacada por ensinos falsos. Dados os desafios, a tarefa de Timóteo não seria fácil (I Tm 1.34). Este nobre cooperador fora enviado pelo apóstolo a Éfeso para solucionar estes problemas (I Tm 1.3)
II ORIENTAÇÕES
PAULINAS QUANTO A SEPARAÇÃO DE PESSOAS PARA A OBRA
A necessidade de cooperadores no desenvolvimento da Obra de Deus, sempre foi uma realidade tanto no AT como no NT. Isso pode ser bem exemplificado em Moisés (Ex. 18.1327). Seguindo o modelo veterotestamentário, o apóstolo Paulo procura deixa claro, nas epístolas pastorais,que na direção das igrejas locais, o pastor seria auxiliado por presbíteros e diáconos, que cooperariam para o bom desenvolvimento da igreja local (1 Tm 1.3; 3.13; 5.17; Tt 1.5).
2.1 A necessidade de líderes para a igreja (I Tm 3.1). O povo de Deus sempre precisou de líderes para orientálo. Foi assim no A.T. onde Deus sempre atuou por meio de uma pessoa que liderava o povo na execução de Sua vontade.
Podemos citar diversos exemplos:
Abraão (Gn 12.13)
Moisés (Ex. 3.1-10)
Josué (Nm. 27.1823; Js 1.19), etc. Esses
líderes eram instrumentos de Deus, chamados por Deus de “pastores” cuja finalidade era apascentar o povo de Deus com “conhecimento e inteligência” (Jr. 3.15ARA).
Por isso, Jesus instituiu líderes para estarem a frente do seu povo. A princípio, os doze apóstolos (Lc 6.13) e Paulo (I Tm 2.7). Estes, por sua vez, orientados por Deus escolheram e prepararam homens para as mais diversas necessidades que surgiram no meio do povo de Deus (At 6.16; Fp 4.3; Cl 4.11;
Fm 1.24; Tt 1.5). É por isso que toda Igreja precisa de pastor, e não existe pastor sem Igreja (Jr 3.15; Ef. 4.11,12).
2.2 As qualificações dos líderes para a igreja (I Tm 3.213).
Orientando Timóteo, Paulo apontou quais as qualificações morais que o cooperador deve possuir, a fim de auxiliar o pastor nas diversas atividades da igreja. Quando o apóstolo diz:
“convém, pois, que o bispo seja [...]” está se enfatizando o caráter, já que a palavra “ seja” aponta para virtudes que o indivíduo já tem, antes de ser chamado para algum trabalho especifico. Paulo examina de um jeito ordenado: ( a)
pessoalmente (I Tm 3.23)
( b) quanto à família (I Tm 3.45)
( c) quanto à igreja (I Tm 3.56)
( d) quanto ao mundopagão (I Tm 3.7).
Vale salientar que estas exigências morais são exigidas de todos os crentes e não apenas daqueles
que exercem liderança (Ef 1.4; Fp 2.15; Cl 1.22; I Ts 3.13; 5.23; I Tm 5.7; I Pe 1.15,16).
2.3 A postura dos crentes em relação aos líderes (I Tm 5.17). Sabendo da importância que os cooperadores tem para o bom andamento da obra de Deus, Paulo aconselha a igreja a têlos
“(...) e m grande estima, e amálos (I Ts 5.13);
Reconhecêlos( 1Cor 16.18);
imitálos (Hb 13.7);
obedecêlos ( Hb 13.17)
Compreendêlos (Hb 13.17);
orar por eles (Hb 13.18) pois “ (...) velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas ...”
( Hb 13.17b) e por causa “ (...)
do trabalho que realizam (...)” (1 Ts 5.13b – ARA).
III – A IMPORTÂNCIA DO PASTOR, DO PRESBÍTERO E DO DIÁCONO PARA A IGREJA
Com o crescimento da igreja, houve a necessidade de se estabelecer mais cooperadores que estivessem cooperando com os apóstolos. Foi assim a instituição do diaconato (At. 6) e demais ofícios na Igreja (At. 13.15;Gl 2.9,10; Tt 1.5). Abaixo definiremos a função de pastor, presbítero e diácono e suas atribuições:
DONS
MINISTERIAIS DEFINIÇÃO ATRIBUIÇÕES
PASTOR
Pastor (gr. P oimen ) Dom
ministerial dado por Cristo, que
tem como finalidade o
aperfeiçoamento do rebanho
para a obra do serviço cristão.
São aqueles que “cuidam de
rebanhos” (Ef. 4.11). Guiam
como também alimentam o
rebanho (At. 20.28; 1 Pe 5.1,2).
O próprio termo indica a pessoa que dirige.Sua missão é múltipla e polivalente:
( a) cuidar da sã doutrina, refutar a (Tt 1.911)
( b) ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.15)
( c) ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8)
( d) esforçarse no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2).
Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; I Pe 2.25; 5.24).
PRESBÍTERO
O presbítero (gr. P resbuteros ),
ancião, supervisor. É um ofício.
O presbítero é o obreiro que
coopera com o pastor no
apascentamento do rebanho, no
ensino e orientação da igreja
local (At. 15.6; 16.4;1 Pe 5.13).
De acordo com o NT, os presbíteros são responsáveis por:
( a)Administrar e supervisionar uma igreja local, pois são líderes na igreja (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1 Pe 5.12)
( b) Ensinar e pregar a Palavra (1Tm 3.2; 5.17; 2 Tm 4.2; Tt 1.9);
( c) Proteger a igreja de falsos mestres (At 20.17,28-31; 1Tm 4.1; Tt 1.9);
( d) Exortar e admoestar os santos na sã doutrina (1Tm 4.13; 2Tm 3.1317; Tt 1.9);
( e) Visitar e orar pelos doentes ungindoos com óleo (Tg 5.14; At 20.35);
( f) Julgar questões doutrinárias (At 15.16);
( g) Dirigir igrejas (1Pe 5.2; 1Tm 5.17); e,
( h) Apascentar e cuidar da igreja (1Pe 5.2; Hb 13.17).
DIÁCONO
Diácono (gr. D iakonos ) “criado,
servo.” Serviço ou encargo
específico” “É aquele que
serve” É um ofício. Um
cooperador que coopera com o
pastor da igreja, nas atividades
relacionadas com os serviços de
ordem material e social.
O ofício e a função dos diáconos teve começo no tempo dos apóstolos (At 6.15) Há registros que identificam como um grupo de cooperadores específicos nos dias dos apóstolos (Fl. 1.1; I Tm 3.813).
A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do NT, subentendendo serviço espiritual ou material.
CONCLUSÃO
Vimos nesta lição, quão importante é que a igreja tenha pastores, presbíteros e diáconos para o seu bom funcionamento e para que o rebanho do Senhor possa ser conduzido pelos trilhos da sã doutrina. Como igreja devemos ter grande respeito por estes servos do Senhor, orando sempre por eles para que Deus continue ajudandoos neste importante serviço em prol do Reino de Deus.
Fonte : www.rbc1.com.br
domingo, 19 de julho de 2015
A Verdadeira Fé
"De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a DEUS e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem" Ec 12.13
A verdadeira Fé nos obriga á obediência. " Recebemos a graça e o apostolado ", diz Paulo, "para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome" (Rm 1.5).
Essa fé sonhadora e sentimental, que ignora os juízos de DEUS contra nós ouve as declarações da alma é tão mortal quanto cianeto.
Essa fé que aceita passivamente todos os textos agradáveis das Escrituras, ao mesmo tempo em que ignora ou rejeita os graves avisos e mandamentos das mesmas Escrituras, não é a fé de que CRISTO e seus apostolos falavam.
A fé na fé é uma fé equivocada. Esperar pelos céus, por meio desse tipo de fé, é entrar na escuridão, cruzando um profundo abismo sobre uma ponte que não alcança o outro lado.
( Anotações de A.W Tozer )
UM TIPO DO FUTURO ANTICRISTO
Eu, pois, no primeiro ano de Dario, o medo, levantei-me para animá-lo e fortalecê-lo.
E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos; e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grécia. Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver. Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com engano. E com os braços de uma inundação serão varridos de diante dele; e serão quebrantados, como também o príncipe da aliança.
E, depois do concerto com ele, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca gente.
E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora.E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito.
(Dn 11.1-3,21-23,31,36)
INTRODUÇÃO
O capítulo 11 do livro de Daniel, descreve a quarta e a última visão do conteúdo profético do livro. A visão diz respeito aos reinos que se seguirão sucessivamente até chegar ao governo do Anticristo, prefigurado na pessoa de Antíoco Epifânio, um rei selêucida, que surgiu no período Interbíblico. Veremos nesta lição, o período entre os Testamentos; a ascensão do governo de Antíoco Epifânio; quem foi Antíoco Epifânio e, a semelhança do seu governo com o do Anticristo.
I – O PERÍODO INTERBÍBLICO
O período entre os dois Testamentos foi um espaço de quatrocentos anos, conhecido como Interbíblico ou Intertestamental. Esta época compreende o retorno dos judeus do exílio até o nascimento de Jesus e, é considerado como o período do silêncio divino. Contudo, nesta época, acontecimentos proféticos cumpriram-se na íntegra, trazendo o surgimento de um personagem importantíssimo tanto para a história bíblica, quanto para a história secular. As condições
gerais desse período podem ser relembradas sabendo-se que houve quatro tempos distintos em que esses quatrocentos anos podem ser divididos:
(1) o período persa, 430-322 a.C.;
(2) o período grego, 321-167 a.C;
(3) o período da independência, 167-63 a.C; e
(4) o período romano, 63 a.C. até Jesus Cristo”
II – O SURGIMENTO DO GOVERNO DE ANTÍOCO EPIFÂNIO
Com a queda do Império Persa em cerca 331 a.C., Alexandre o Grande, tronou-se um imponente imperador, conquistando também a Palestina em cerca de 332 a.C. Em cumprimento do que está escrito em (Dn 11.3,4), Alexandre o Grande morreu precocemente no apogeu do seu poder e, o seu reino foi divido e repartido entre quatro dos seus generais, a saber, Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu. Seleuco governou a Síria, a Babilônia e a Média (o Reino do Norte); e, Ptolomeu governou o Egito (o Reino do Sul). A princípio, a Palestina ficou debaixo do controle sírio, mas não muito
depois passou para o controle egípcio, ficando assim durante cerca de cem anos, até 198 a.C. Neste ínterim, os selêucidas (o Reino do Sul) reconquistaram a Palestina, e nos anos 175-164 a.C., os judeus foram severamente perseguidos por Antíoco IV ou Epifânio, que estava resolvido a exterminá-los, juntamente com a sua fé em Deus.
III – ANTÍOCO EPIFÂNIO NA VISÃO HISTÓRICA E NA VISÃO PROFÉTICA DE DANIEL
“Antíoco Epifânio (175 a 164 a.C.); filho de Antíoco o Grande, rei dos selêucidas, do Reino do Norte; governou onze anos e, morreu no ano 164 a.C. Foi o grande perseguidor dos judeus na Palestina. Ele foi em sua geração, o homem mais desprezível, narrado nesta profecia; um tipo do futuro Anticristo, “[...] o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2.3);” “Antíoco tentou incorporar os judeus em seu programa de helenização, ou seja, implantar nos judeus a cultura grega; mudando suas leis, proibindo o culto e os costumes religiosos deles sob pena de morte” Abaixo destacamos informações bíblicas a respeito deste homem.
3.1 “Depois se levantará um homem vil...” (Dn 11.21a). “Antíoco Epifânio é apresentado como um homem vil, alguém em quem não se pode confiar; um maquinador e um impostor. É o ‘pequeno chifre’ citado no livro de Daniel 8.9-27. Ele é chamado de o Anticristo do Antigo Testamento e, é visto prefigurando o Anticristo do fim dos tempos”
3.2 “[...] ao qual não tinham dado dignidade real...” (Dn 11.21b). “Antíoco Epifânio não estava na linha da sucessão, mas tornou-se rei por manipulação, traição e lisonjas, isto é, a política usual. O trono deveria ser de Demétrio Soter, filho e sucessor direto de Seleuco IV Filopater, o atual rei do Reino do Norte, que segundo a profecia morreu “sem ira e sem batalha” (Dn 11.20), envenenado por Heliodoro, seu irmão de criação.” Demétrio Soter , estava sendo mantido refém em Roma. E com o trono desocupado, Antíoco usurpou o trono e assumiu o poder na Síria”
3.3 “[...] mas ele virá caladamente...” (Dn 11.21c, 24). A expressão “caladamente” no texto revela a sagacidade deste tirano. “Antíoco Epifânio era um pensador hábil e um orador habilidoso, cujas guerras com palavra eram tão eficazes como suas guerras com armas. Gostava de valer-se de traições, lisonjas e truques. A palavra hebraica para as lisonjas é 'halaqlaq', que tem o sentido básico de 'esperteza suave' “Conforme a descrição dos escritos antigos, Antíoco Epifânio às vezes fugia secretamente da corte e ia para cidade disfarçado, fazendo amizades com os estrangeiros mais desprezíveis que visitavam o país. Ele praticava os caprichos mais esquisitos, levando alguns a
acreditar que fosse um imbecil e, a outros que fosse um louco”
3.4 “E com os braços de uma inundação...” (Dn 11.22). “Antíoco Epifânio era alguém que sabia falar, mas também era um bom guerreiro. Alcançou êxito em sua primeira ação militar, no momento em que as suas forças militares arrasaram os exércitos egípcios como se fosse uma enchente/dilúvio, uma expressão usada para ataque militar (Dn 9.26)”
3.5 “[…] como também o príncipe do concerto” (Dn 11.22). “Ele encomendou o assassinato do sumo sacerdote de Jerusalém, Onias III, a quem a profecia se refere como príncipe da aliança, que foi morto pelo seu próprio irmão, Menelau, que o traiu, a pedido do próprio Antíoco” “Em Daniel 11.28,30 e 32 a palavra 'aliança' ou 'concerto' é usada para se referir ao Estado judeu, que na época era uma teocracia (o Governo de Deus), tendo o sumo sacerdote como seu líder”
3.6 “[...] seu coração será contra o concerto...” (Dn 11.28,31). “Na sua viagem para o norte, através de Israel para a Síria com as suas riquezas, Antíoco propagou uma sedição, ou seja, uma sequência de assassinatos bárbaros, roubos, catástrofes. Ele atacou o templo de Jerusalém, colocando no lugar Santo uma imagem do deus grego, Zeus; esse altar a Zeus é o que os judeus chamam de abominação desoladora; profanou os ritos dos sacrifícios quando ofereceu uma porca no altar do Senhor” “os judeus consideravam os porcos imundos (Lv 11.4,7,8); além disso, os sacrifícios eram normalmente feitos com animais machos (Lv 8.18-21). Desse modo, o sacrifício de uma porca foi uma tentativa de sujar e desonrar a religião judaica” “Antíoco ainda massacrou 80.000 judeus, levou 40.000 como prisioneiros de guerra e, vendeu outros 40.000 como escravos”
3.7. “E esse rei fará conforme a sua vontade...” (Dn 11.36). Neste ponto, o autor apresenta um rei que governará “no fim do tempo” (Dn 11.40). O seu reinado de terror inaugura um ‘tempo de angústia’ sem paralelos na história humana (Dn 12.1; Mt 21.21,29-31); este rei não pode ser Antíoco Epifânio, mas é um personagem perverso e tirânico do fim dos tempos. Esta descrição está em conformidade com a descrição deste personagem, apresentado em outras passagens da Bíblia (Dn 7.8- 11,20-27; 2 Ts 2.3,10; Ap 13.4-8; 19.19-20), e foi aceita por toda a História da Igreja (por exemplo, Crisóstomo, Jerônimo, Teodoreto e Lutero)
IV – SEMELHANÇAS DO GOVERNO DE ANTÍOCO EPIFÂNIO COM O GOVERNO DO ANTICRISTO
“Aqui, as histórias dos dois “anticristos” são colocadas de costas uma para a outra, não simplesmente por ênfase, mas porque ambas envolvem o ódio aberto contra Deus e a perseguição aos judeus, à plataforma de ambos os governos se assemelham.”
DESCRIÇÃO ANTÍOCO EPIFÂNIO ANTICRISTO
Significado do nome “Opositor” No grego “antichristos” “contra Cristo”
A promoção da mentira Dn 11.21,23,24,27 2 Ts 2.11
A promoção do pecado Dn 11.25-30 / 2 Ts 2.3
A promoção do culto a Satanás Dn 11.31 / Dn 11.45; 2 Ts 2.4
A promoção de uma economia única Dn 11.22, 23 ; Ap 13. 16-18
CONCLUSÃO
Como podemos ver, Antíoco Epifânio prefigura o Anticristo que há de vir. Assim como este perverso imperador perseguiu os judeus com roubos, assassinatos, profanando o sagrado e com tantas outras catástrofes, semelhantemente, o Anticristo, o homem do pecado, perseguirá os judeus, cometendo as maiores atrocidades, a fim de destruí-los, mas assim como Antíoco Epifânio foi extirpado, o Anticristo com o seu governo também será, pois o Senhor, que é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, destruirá o Anticristo pelo assopro da sua boca e pelo esplendor da sua vinda (2 Ts 2.8).
Fonte: www.rbc1.com.br
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