quarta-feira, 27 de julho de 2016

LIÇÃO 05 – A EVANGELIZAÇÃO URBANA E SUAS ESTRATÉGIAS - 3º TRIM/2016





E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Asia, E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?

Atos 2:1-12




INTRODUÇÃO
A tarefa da evangelização dos povos deve ser executada por todo autêntico servo de Deus, com vistas a atender a necessidade espiritual dos homens também nos centros urbanos. Devemos reproduzir a forma de evangelismo da igreja primitiva, que de forma estratégica atentou para as metrópoles, pois nelas encontravam-se um número maior de pessoas com as quais eles compartilharam as Boas Novas de Salvação e que se espalhou por todos os lugares numa velocidade extraordinária. Atualmente, dispomos de diversas formas de propagar o Nome de Cristo, as quais destacaremos nesta
lição. Devemos cumprir o Ide do Senhor apesar dos desafios que são peculiares a evangelização urbana.



I – A EVANGELIZAÇÃO NÃO TEM PREFERÊNCIA POR LUGARES

Em todas as referências alusivas à tarefa da evangelização, não encontramos em nenhuma delas o Senhor Jesus Cristo fazendo distinção de lugares, senão ordenando aos discípulos que levassem a mensagem de Boas Novas para todos os homens (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22; At 1.8). Jesus, mesmo não fazia diferença entre evangelizar áreas rurais ou nas cidades: “e percorria todas as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém” (Lc 13.22). Na verdade, Jesus ia aonde os pecadores estavam, e isto independente do lugar. Isto, podemos ver
mais detalhadamente abaixo:

1.1 Na zona rural. 



Os evangelhos nos mostram que Jesus pregou em aldeias (Mc 1.38; 6.6; 14.23; Lc 8.1). A palavra “aldeia” segundo o Aurélio significa: “pequena povoação de categoria inferior a vila” (SOARES, 2004, p. 88). O Mestre também ordenou aos discípulos que evangelizassem as aldeias e não somente as cidades (Mt 10.11; Lc 9.6). Portanto, todos os que procuram propagar a Palavra de Deus devem seguir o exemplo de Cristo e dos apóstolos e cuidar de que as aldeias não sejam negligenciadas.

1.2 Na zona urbana.



Além das aldeias, Jesus pregou também nas cidades, fossem elas de pequena ou de grande importância (Mt 9.35; 11.1; Lc 4.43). O que dizer, por exemplo, da cidade de Nazaré (Lc 4.16); Cafarnaum (Mc 4.13); Corazim e Betsaida (Mt 11.21); Jerusalém (Mt 21.10). É necessário entender que é nas grandes cidades onde encontramos uma população maior, portanto, devemos levar a mensagem do Evangelho aos centros urbanos a fim de fazermos notória a mensagem de Cristo ao maior número de pessoas.


II – A EVANGELIZAÇÃO URBANA NA PERSPECTIVA DIVINA

A presente lição aborda especificamente a evangelização nos centros urbanos, o que alguns chamam de “missões urbanas”. Nas cidades, encontramos um número maior de habitantes, por isso, a Igreja deve dar uma atenção maior ao evangelismo neste locais, a fim de alcançar um número maior de pessoas para Cristo. Esta sem sombra de dúvidas, é a perspectiva divina, como veremos a seguir:

2.1 Lugar estratégico. Deus planejou por Sua Soberania, derramar o Espírito Santo sobre os quase cento e vinte discípulos quando estes se encontravam na grande cidade de Jerusalém, conforme Jesus havia dito (Lc 24.49; At 1.8,12). Jerusalém era a cidade onde estava o Templo (Mt 24.1; Mc 11.11,15,27). Jerusalém, que figura no Evangelho como o lugar onde o Senhor foi rejeitado, fica sendo o lugar onde Ele ressuscita dentre os mortos, onde é derramado o Espírito, e onde a igreja começa a sua obra.

2.2 Momento estratégico. Nesta ocasião em Jerusalém estava acontecendo a Festa de Pentecostes (At 2.1). Esta era a segunda festa do primitivo calendário bíblico e possui três nomes no AT:

(a) Festa da Colheita (Êx 23,16)

(b) Festa das Semanas (Êx 34,22)

(c) Dia dos Primeiros frutos (Nm 28,26).

Pentecostes ocorria cinquenta dias depois da Páscoa.
Trata-se de um nome grego, dado tardiamente pelos judeus de fala grega que significa: “quinquagésimo”. Segundo
Boyer (2011, p. 418 – acréscimo nosso), “o Espírito Santo veio sobre a igreja num momento em que esta solene festa em Jerusalém acontecia, a que assistiam dois a três milhões, calcula-se, de judeus e prosélitos”.

2.3 Povo estratégico. Por ocasião da Festa de Pentecostes, havia judeus de várias partes do mundo, e nesta ocasião ouviram o evangelho pelos servos do Senhor em sua própria língua, por manifestação sobrenatural (At 2.5-13). O apóstolo Pedro levantou-se naquele momento e pregou o evangelho mostrando que aquela manifestação tinha respaldo na profecia de Joel (At 2.14-21; Jl 2.28-32). Aproveitou para anunciar as Boas Novas de Salvação por meio de Cristo Jesus que havia morrido crucificado, mas que ressuscitara e que a prova de que Ele estava vivo e a direita de Deus era o derramar do Espírito que aqueles homens estavam testemunhando (At 2.33-36). Tal pregação na unção de Deus resultou na conversão de quase três mil almas (At 2.1-37-41). O desejo de Deus fica claro de que queria espalhar o evangelho ao mundo, conforme Jesus mesmo havia declarado (At 1.8).

III – PAULO E A EVANGELIZAÇÃO URBANA

O apóstolo Paulo foi um exímio evangelizador de áreas urbanas. Sob a direção do Espírito Santo este nobre servo de Deus se dispôs a levar a mensagem do Evangelho as grandes cidades, dentre as quais podemos citar:

3.1 A cidade de Corinto. 

Nenhuma cidade da Grécia era mais favoravelmente localizada para o comércio por terra e mar
do que a cidade de Corinto. O imperador Augusto fez de Corinto a capital da Acaia. Ela era também uma cidade hospitaleira aos marinheiros e viajantes que vinham a negócios ou a procura de prazer. A igreja em Corinto foi fundada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária (At 18.1-17). Nessa cidade, Paulo permaneceu por 18 meses, sendo auxiliado por Priscila e Áquila e outros obreiros. Apesar das oposições que sofreu, o apóstolo Paulo pregou o evangelho e muitas conversões aconteceram (At 18.8). Deus o consolou dizendo que tinha muito povo naquela cidade (At 18.10).

3.2 A cidade de Filipos.

Lucas nos mostra à cidade de Filipos como a “...primeira cidade desta parte da Macedônia, e é
uma colônia...” (At 16.12), o que nos deixa claro que era cidade de grande importância política. Filipos ficava localizada na parte oriental da Macedônia. Constituía-se o portão de entrada da Europa. A primeira exposição da cidade de Filipos ao evangelho é registrada em (At 16.6-40), quando Paulo, em sua segunda viagem missionária, com Silas e Timóteo chegaram lá (At 15.40). A princípio a intenção do apóstolo era ir para Ásia, e depois para Bitínia, mas foram impedidos pelo Espírito Santo (At 16.6,7). Estando em Trôade, Lucas conta que Paulo teve uma visão, que lhe deu nova rota para
sua tarefa missionária (At 16.9). Após esta visão, o apóstolo concluiu que Deus o chamava para ali pregar o evangelho (At 16.10-12). Apesar das grandes dificuldades que enfrentou, Paulo conseguiu implantar o evangelho nesta cidade. Libertação, conversões e milagres aconteceram em Filipos conforme o registro bíblico (At 16.14; 16-18; 26-28).

3.3 A cidade de Éfeso.

A cidade encontra-se no pequeno continente da Ásia Menor. Esta era a capital da província
romana da Ásia. O templo da Diana dos efésios (At 19.28) foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana (At 19.27). Historiadores calculam a população da cidade de Éfeso no primeiro século entre 250 e 500 mil habitantes. A igreja de Éfeso foi fundada por Paulo e, provavelmente, por Áquila e Priscila, por volta do ano 52 d.C. (At 18:18-28). Paulo levou o Evangelho a esta cidade durante a sua segunda viagem missionária (At 18.19).

IV – ESTRATÉGIAS DE EVANGELISMO URBANO

O Senhor Jesus pregou em vários lugares: no monte, nas cidades, no templo e nas sinagogas (Mt 5.1-2; 9.35; 13.1-3,54; 21.23). Lucas nos diz que toda a cidade de Jerusalém foi evangelizada (At 5.28). O evangelismo era praticado todos os dias, quer no templo, quer nas casas, e de forma perseverante (At 5.42). Quando foram dispersos por causa da perseguição, os discípulos saíram pregando por todos os lugares (At 8.1). O livro de Atos nos serve de parâmetro para a prática do evangelismo. Não podemos esperar que os pecadores venham para o Templo ao nosso encontro a fim de serem evangelizados. Pelo contrário, precisamos ir ao encontro deles. Em Lucas 14.21, 23 Jesus ao narrar uma parábola disse:
“Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres e aleijados e mancos e cegos...Sai pelos caminhos e valados e força-os a entrar para que a minha casa se encha”.

É necessário que saiamos ao encontro das almas perdidas.
Para isto dispomos de diversas formas pelas quais podemos levar o evangelho, tais como:

(a) nas ruas (At 17.17) 

(b) nos transportes (At 8.26-35)

(c) nos hospitais (Jo 5)

(d) nas faculdades (At 17.19-23)

(e) na mídia: rádio, TV e internet como a nossa Igreja (IEADPE)  tem feito.
 - através da Rede Brasil de Comunicação; aqui em Recife Canal 14 
Site : www.rcb1.com.br 


V – OS DESAFIOS DO EVANGELISMO URBANO

5.1 As leis que restringem a liberdade religiosa. 

No primeiro século, os discípulos, viram-se diante do desafio de pregar
a Palavra de Deus, ante as leis que lhes foram impostas para inibi-los (At 4.17,18; 5.28).
No nosso país, ainda desfrutamos de liberdade religiosa, mas há igrejas em determinados lugares que não possuem mais esse privilégio. Portanto, aproveitemos o máximo do tempo que dispomos (II Tm 4.2).

5.2 O endurecimento por parte das pessoas.

Em todo tempo houveram pessoas que se endureceram ao convite do evangelho. Nas áreas urbanas é comum as pessoas resistiram por causa da sua posição social, nível acadêmico, preconceito, ignorância dentre outros. Com a multiplicação da iniquidade (Mt 24.12), os homens tornar-se-ão ainda mais insensíveis e resistentes a recepção das Boas Novas. Paulo previu esse árduo tempo (II Tm 3.1-7).

5.3 As perseguições contra os cristãos.

Desde a sua inauguração a igreja sofreu represálias para cumprir a sua excelente
missão (At 8.1). Jesus havia predito que seus seguidores sofreriam perseguição por sua causa (Mc 13.13; Jo 15.20,21). Atualmente, todo servo do Senhor também sofre perseguições por propagar a sua fé, seja no trabalho, na escola, na sociedade. No entanto, não devemos nos intimidar com tal sofrimento sabendo que nos espera um galardão (Mt 5.10-12).

Fonte: www.rbc1.com.br

Frida Vingren - Compositoras da Harpa Cristã ( ADNews )




Muitos já ouviram falar de Frida Vingren, pelo fato de ela ser a esposa do Pastor Gunnar Vingren, missionario e fundador das Assembleias de DEUS no Brasil. Mais Frida foi muito mais que esposa, dona de casa e mãe. Missionaria, compositora, pregadora, escritora, poetisa e violinista foram apenas algumas de suas funções.

Frida Maria Strandberg Vingren nasceu em 1891, no norte da Suécia. De familia luterena, foi criada em um lar cristão. Formou-se em Enfermagem, chegando a ser chefe de enfermaria no hospital onde trabalhava. Nessa época, o chamado para a Obra Missionaria ardia em seu coração, então ela se uniu a muitos jovens que tinham o mesmo desejo em um movimento por missiões.

Ainda jovem, Frida ingressou em um Instituto Biblico na cidade de Gotabro, província de Narkre, com o objetivo de estudar mais a Palavra de DEUS e se preparar para a Obra Missionaria.

Em uma das visitas de Gunnar Vingren á Suécia por causa de problemas de saúde, ele conheceu Frida, e se tornaram grandes amigos. Em 1917, Frida deixou seu país para vir ao Brasil e cumprir seu chamado missionario. Ao chegar em Bélem do Pará, casou-se com Gunnar numa cerimônia realizada pelo Pastor Samuel Nystrom. O Casal teve seis filhos: Ivar, Rubem, Margit, Astrid,Bertil e Gunvor.

Ainda recém-casados, tiveram que enfrentar diversas dificuldades, tanto na área financeira quanto na saúde física. Mas a vontade de ganhar almas e fazer a obra do SENHOR era mais forte que as enfermidades. Depois de muitos anos no Pará, a família decidiu ir para o Rio de Janeiro, onde alugaram uma casa no bairro de São Cristovão, na zona norte da cidade, e inauguraram o primeiro salão de cultos da Assembleia de DEUS no Estado. Frida continuou desenvolvendo atividades evangelisticas em muitos lugares.

Ela era envolvida em obra sociais e ajudava muitas pessoas com sua própria formação: Enfermagem. Pela facilidade que tinha em escrever, tornou-se redatora dos jornais Boa Semente e Mensageiro da Paz. Ela também era escritora, tradutora de mensagem evangelistícas e doutrinarias e comentarista de Lições Biblicas da Escola Dominical na década de 1930.

Além de escrever, Frida sempre se dedicou á música. Cantava, tocava órgão, violão e compunha vários hinos. A Harpa Cristã contem cerca de 23 hinos de sua autoria, entre eles :

Deixai Entrar Espirito de DEUS ( n 85 )

Uma Flor Gloriosa ( n 196 ) 

A mão no Arado ( n 394 )

Depois de 15 anos trabalhando na Obra Missionaria no nosso país, a familia Vingren decidiu retornar á Suécia em setembro de 1932. Frida faleceu em 30 de setembro de 1940, 7 anos após o falecimento do marido.

Fonte : ADNews - Ed. Agosto/2015 - N41

domingo, 24 de julho de 2016

Sarah Flower Adams - Compositoras da Harpa Cristã (ADNews)




Os hinos da Harpa Cristã são verdadeiras orações. Para cada momento de nossa vida encontramos um hino que descreva o que, em palavras, não conseguimos expressar. Mas muitas vezes não sabemos quem foram os autores ou a história que deu a inspiração para compor essas belissimas letras.

Sarah Flower nasceu em 22 fevereiro de 1805, em Old Harlow, na inglaterra. Filha mais nova do casal Benjamin Flower e Eliza Gold, teve como irmã a também compositora Eliza Flower, que escrevia a melodia para vários hinos que ela compunha. Foram aproximadamente 13 letras e 69 melodias criadas pelas irmãs.

Sarah foi casada com Williams Bridges Adams, famoso engenheiro ferroviario. Eles moraram por muitos anos em Loughton, Inglaterra - onde, até hoje, há uma placa homenageando o casal.
Desde cedo, foi notado em Sarah o talento para escrever. Além de compor hinos, ela dedicava o seu tempo para escrever poesias. Um de seus principais trabalhos foi o poema dramático chamado Vivia Perpétua, publicado em 1841, que tinha como tema central a história de vida dos primeiros cristãos.

O hino mais conhecido que Sarah compôs, e que até hoje é cantado em várias igrejas pelo mundo é o Mais Perto, Meu Deus, de Ti, nª 187 da Harpa Cristã. Existem várias histórias sobre a composição desse hino, e uma delas é que Sarah estava meditando sobre o capitulo 28 de Gênesis, que fala sobre a visão da escada de Jacó.

Ela ficou impressionada com os versículos e começou a escrever a letra desse hino, baseado no texto bíblico e na sua vida. Na época, Sarah sofria muito por problemas de saúde. Apesar de o hino ter sido escrito por Sarah e a música, por sua irmã Eliza, ele só ficou mundialmente conhecido quando Lowell Mason, primeiro educador musical dos Estado Unidados, aprimorou a melodia de Eliza dando-lhe o nome de Bethany. Lowell deixou registrado na história que, em uma noite de 1856, depois de despertar de um sono, na solidão da sua casa, veio a ele a melodia para a letra escrita por Sarah Adams.



Um acontecimento marcado pela melodia foi a tragédia com o navio Titanic. Alguns relatos na história contam que, em meio ao tumulto do navio afundando, a orquestra a bordo começou a tocar o hino e um grupo cristãos que estava presente começou a cantar.

Sarah Flower Adams faleceu em Agosto de 1848, devido aos problemas de saúde, e não presenciou a proporção do sucesso que seu hino alcançou, mas deixou para nós uma das letras mais Lindas da Harpa Cristã.

( autora do hino "Mais perto, meu Deus a ti" nasceu aqui )

Fonte : Jornal ADNews - Edição Setembro/2015 -  N42

segunda-feira, 18 de julho de 2016

DEUS, O PRIMEIRO EVANGELISTA

Então o Senhor disse a Abrão: "Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.
"Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção.
Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados".
Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
Levou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam acumulado e os seus servos, comprados em Harã; partiram para a terra de Canaã e lá chegaram.
Abrão atravessou a terra até o lugar do Carvalho de Moré, em Siquém. Naquela época os cananeus habitavam essa terra.
O Senhor apareceu a Abrão e disse: "À sua descendência darei esta terra". Abrão construiu ali um altar dedicado ao Senhor, que lhe havia aparecido.
Dali prosseguiu em direção às colinas a leste de Betel, onde armou acampamento, tendo Betel a oeste e Ai a leste. Construiu ali um altar dedicado ao Senhor e invocou o nome do Senhor.


(Gn 12.1-8)


I – A AUTO REVELAÇÃO DIVINA
Deus transmite o conhecimento de Si próprio ao homem, ou seja, Ele se auto revela (Rm 1.20; I Co 2.10). O homem só pode conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se faz conhecido. Deus é, antes de tudo, o sujeito que transmite conhecimento ao homem, e só pode tornar-se objeto de estudo do homem na medida em que este assimila e reflete o conhecimento a ele transmitido na revelação. Sem a revelação, o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer
conhecimento de Deus. A revelação divina se dá pelo menos de duas formas:

1.1 De forma natural. O método de revelação é natural quando esta é comunicada por meio da natureza, isto é, por meio da criação visível com suas leis e poderes ordinários. A revelação geral está arraigada na criação, é dirigida ao homem na qualidade de homem, e mais particularmente à razão humana, e acha seu propósito na concretização do fim da sua criação, conhecer a Deus e assim desfrutar comunhão com Ele (Sl 19; At 14.17; Rm 1.19,20; 2.14,15; I Co 2.10; Gn 6.1-
17; 11.1-8; Dn 2.20,21).

1.1.1 Na criação. A existência do universo e do homem não pode ser obra do acaso e provam claramente a evidência de um Criador, dotado de inteligência e sabedoria. A própria natureza revela Deus (Sl 19; At 14.17; Rm 1.19,20).

1.1.2 Na consciência. O homem dispõe de natureza moral, isto é, sua vida é regulada por conceitos do bem e do mal. Ele é capaz de discernir entre o certo e o errado e Deus se revela na consciência aprovando ou reprovando seus atos. Quem criou, então, esses conceitos do bem e do mal? Deus, o Justo Legislador (Rm 2.14,15). Podemos, portanto, concluir que o próprio Criador, que também é Legislador, idealizou uma norma de conduta para o homem e deu-lhe condições de compreender esse padrão.

 1.1.3 Na história. A história da humanidade, o surgimento e o declínio de povos e nações, o estabelecimento e a remoção dos reis e dos imperadores, demonstram claramente a revelação de um Rei Soberano, que governa o homem e o universo (Gn 6.1-17; 11.1-8; Dn 2.20,21).

1.2 De forma sobrenatural. O método de revelação é sobrenatural quando é comunicada ao homem de maneira mais elevada, sobrenatural, como quando Deus fala, quer diretamente, que por meio de mensageiros sobrenaturalmente dotados (Jr 1.4-8; Jz 6.12). A revelação especial está arraigada no plano de redenção de Deus, é dirigida ao homem na qualidade de pecador, pode ser adequadamente compreendida e assimilada somente pela fé, e serve ao propósito de assegurar o fim para o qual o homem foi criado a despeito de toda a perturbação produzida pelo pecado. Em vista do plano eterno de revelação, deve-se dizer que esta revelação especial não apareceu como um pensamento posterior, mas estava na mente de Deus desde o princípio (Ap 13.8).

 1.2.1 Pela Palavra escrita: a Bíblia. A Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois através dela Deus se fez conhecido (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; II Tm 3.16; Hb 4.12). Por ela, conhecemos seus atributos comunicáveis e incomunicáveis, dentre outras coisas (Sl 139.1-10; I Jo 4.8). Segundo o pastor Antônio Gilberto (2004, p. 06), “pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa
linguagem, bem como do nosso modo de pensar”.

1.2.2 Pela Palavra viva: Jesus. A mais completa forma da revelação especial de Deus encontra-se na encarnação de Jesus Cristo. A encarnação significa que Deus veio plena e pessoalmente a esfera humana, tomando-se acessível a percepção dos homens (Is 7.14; Jo 1.14). Jesus não era um mero mensageiro trazendo uma mensagem sobre Deus. Ele era o próprio Deus em forma humana. Na encarnação, Ele acrescentou a humanidade a sua divindade, sem deixar de ser Deus

(Fp 2.5-9). A Bíblia mostra que Jesus Cristo é:

(a) a maior revelação de Deus (Hb 1.1)

 (b) a expressa imagem de Deus(Hb 1.3; Cl 1.15)

 (c) nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 1.19).

II – A REVELAÇÃO DIVINA A ABRAÃO

Abraão é um dos personagens mais marcantes da história bíblica. Era nativo da Caldeia. Por meio de Éber, estava na nona geração depois de Sem, filho de Noé. Seu pai foi Terá que teve dois outros filhos, Naor e Harã (Gn 11.11-32). Ele foi chamado por Deus para ser o pai dos judeus (Gn 12.1,2), povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt 1.1). A revelação divina ao patriarca se deu de forma dúplice, em palavra e ato, como veremos abaixo:

2.1 Deus falou com Abraão (Gn 12.1). A primeira forma da revelação divina a Abraão se deu de forma audível, como nos mostra a Escritura: “Ora, o SENHOR disse a Abrão[...]”. Deus é um ser que se comunica com o homem (Gn 1.29; 3.3; 6.13; 12.1-3; Êx 3.14). A expressão comunicar segundo o Aurélio significa: “Transmitir informação, dar conhecimento de; fazer saber” (FERREIRA, 2008, p. 513). Deus comunicou o que faria a Abraão e através dele. O Senhor prometeu-lhe uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes, e uma bênção tal que alcançaria todas as nações da terra (Gn 12.2,3).

2.2 Deus apareceu a Abraão (Gn 12.7). A segunda forma da revelação divina a Abraão se de forma visível: “E apareceu o SENHOR a Abrão [...]”. Confira também (Gn 17.1; 18.1). Houve nesta aparição o que os teólogos chamam de Teofania, que é a “manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos sentidos humanos” (CABRAL, 2006, p. 339). Segundo Merril (2009, p. 89), no chamado de Abraão pode-se ver algum indício da revelação por meio de visões e sonhos. O Senhor, após ordenar que Abraão deixasse Ur e, depois Harã por uma terra que mostraria a ele,
apareceu para Abraão pela primeira vez em Siquém (Gn 12.7). A raiz “niphal” do verbo usado aqui “rã'ãh” sugere ao pé da letra que Deus se fez visível. Não é declarado como ele é visto e, talvez, por visto queira-se apenas dizer que ele falou como em tempos anteriores. No entanto, contra essa possibilidade está a ocorrência da mesma forma verbal em Gênesis 18.1, passagem na qual o Senhor aparece de forma tangível na pessoa do anjo do Senhor que, na verdade, é igualado ao
Senhor mesmo (Gn 18.10,13,17,20).


III – COMO DEUS SE REVELA ATRAVÉS DE ABRAÃO

A importância do personagem histórico Abraão, se dá pelo fato de que é com ele que se inicia o grande projeto divino. O estudo da vida de Abraão reflete a história da existência da igreja, porque todos os fatos relacionados com o patriarca e seu povo revelam as nossas origens (Gl 3.6,7). O chamado de Abraão é o acontecimento mais importante do AT. Aqui tem início a obra da redenção, pensada e profetizada pelo próprio Deus (Ap 13.8; Gn 3.15).

3.1 Deus revela-se como único e verdadeiro Deus (Gn 12.1). Deus chamou Abrão do politeísmo (adoração a vários deuses) para o monoteísmo (adoração a um único Deus). “Ur dos Caldeus, a terra onde Abrão nasceu, foi uma das cidades-estados mais ricas já desenterradas das culturas mais antigas do vale da Mesopotâmia. O deus-lua Nanar era adorado ali, e um dos mais famosos reis de Ur foi Ur-Namu. Josué 24.2 declara que a família de Terá adorava ídolos” (BEACON, 2006, p. 57 – acréscimo nosso). Portanto, Abraão não conhecia o verdadeiro Deus e não havia feito nada para
merecer conhecê-lo, mas, em sua graça, Deus o chamou.
3.2 Deus revela-se como aquele com o qual nos relacionamos pela fé (Hb 11.8-12). O relacionamento do patriarca Abraão com Deus se deu pela fé. O apóstolo Paulo diz que ele é: “[...] pai de todos os que creem [...]” (Rm 4.11). Portanto aqueles que mantêm sua fé em Cristo, o descendente de Abraão (Gl 3.16), tornam-se filhos de Abraão (Gl 3.6-9),
assim como a multidão dos salvos pela fé tem Abraão como seu pai (Rm 4.17-18).

3.3 Deus revela-se como o Deus que não faz acepção de pessoas (Gn 12.2). A promessa feita a Abraão estende-se a judeus e gentios. Esta promessa não se estende apenas aos descendentes naturais de Abraão representados pelo “pó da terra” (Gn 22.17-b), mas também aos descendentes espirituais representados pelas “estrelas do céu” (Gn 15.5).

3.4 Deus revela-se como aquele que justifica o homem pela fé (Gn 15.6). A justificação aparece pela primeira vez na Bíblia num episódio com Abraão, quando ele acreditou nas promessas que Deus lhe fez e sua fé foi-lhe imputada como justiça. Se apenas o cumprimento pessoal da Lei fosse necessário para a justificação do ser humano perante Deus, ninguém seria salvo. No entanto, aqueles que creem no Senhor são justificados pela fé em Cristo, que foi o sacrifício perfeito oferecido a Deus pelo perdão dos pecados e resgate da humanidade. Esse sacrifício trouxe justificação e satisfez as justas exigências de Deus. Assim, para aquele que confia em Cristo, a fé lhe é imputada como justiça (Rm 3.23; 4.12; Gl 3.6).


CONCLUSÃO
Deus é o Deus que se auto revela. Sua revelação foi progressiva e teve o seu ponto culminante em Cristo Jesus.Ele que veio da semente da mulher, e da descendência de Abraão, foi manifestado para redimir a todos os homens independente de sua nacionalidade.

Fonte : http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/cod/449/page/1