sábado, 17 de agosto de 2013

A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS

Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós. Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão; Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;

Filipenses 3:1-10

INTRODUÇÃO

Uma das principais características da Bíblia é a sua contemporaneidade. Suas doutrinas e ensinos são atuais. Quando lemos as epístolas paulinas, por exemplo, podemos ver claramente que os problemas que surgiram nas igrejas do primeiro século, também ocorrem em nossos dias. Consequentemente, os conselhos e ensinos apostólicos servem para a Igreja do século XXI. Nesta lição, estudaremos o texto de (Fp 3.1-10), onde veremos os ensinos paulinos sobre a alegria no Senhor; as advertências quanto aos inimigos da fé; o significado da verdadeira circuncisão; em que nós devemos nos gloriar; e, finalmente, quais as prioridades da vida cristã.

I – A ALEGRIA NO SENHOR

Já vimos que a Epístola aos Filipenses foi escrita quando o apóstolo Paulo estava preso em Roma (Fp 1.12,14). No entanto, ele não demonstra angústia, tristeza ou frustração; pelo contrário, é nesta carta em que ele mais descreve o seu regozijo (Fp 1.4,18; 2.2,17; 3.1; 4.1,4,10), bem como o seu desejo que os irmãos de Filipos estivessem alegres (Fp 3.1). O termo deriva-se do grego chairõ e significa “alegrar-se muito” ou “grande gozo”. O desejo do apóstolo era que os cristãos vivessem alegres, independente das circunstâncias (II Co 1.5; 4.8,9; 7.4; I Ts 1.6). Mas, essa alegria só é possível através da nossa fé em Cristo e da morada do Espírito Santo em nós (Rm 12.12,15; 14.17; II Co 6.10; 13.11; Gl 5.22; Fp 2.18; 4.4; I Ts 5.16).

II - ADVERTÊNCIAS QUANTO AOS INIMIGOS DA FÉ
O apóstolo Paulo fez uma tríplice advertência acerca dos inimigos da fé em Fp 3.2. Três vezes ele diz: “guardai-vos”, ou seja, “vigiai”, “estai atentos”. Alguns estudiosos dizem que as expressões “cães...maus obreiros...circuncisão”, não se trata de três classes de pessoas, mas, de apenas uma, os judaizantes. Estes eram judeus cristãos que de tão apegados ao judaísmo, ensinavam que os gentios, além de crer em Cristo, deveriam guardar a circuncisão (Gl 5.2) e os dias santos judaicos (Gl 4.10). Os judaizantes insistiam que a salvação vinha pelas obras da Lei. Por isso, o apóstolo Paulo é tão taxativo quando se dirige a eles. Vejamos:

2.1 “Guardai-vos dos cães” (Fp 3.2-a): Os cães eram considerados animais imundos na sociedade oriental. Eles não eram domesticados como hoje, pois eram selvagens e viviam soltos como os lobos. Paulo faz uso dessa comparação para dizer que os cristãos de Filipos deveriam ter cuidado com os judaizantes para que suas doutrinas e suas práticas não viessem macular a pureza da
igreja. Semelhantemente, a Igreja necessita estar vigilante quanto as heresias, ou seja, falsos ensinos e falsas doutrinas, que podem surgir, inclusive, no meio do povo de Deus (Gl 5.20; I Tm 4.1; II Pe 2.1-3).

2.2 “Guardai-vos dos maus obreiros” (Fp 3.2-a). Paulo se referia aos falsos obreiros, como em (II Co 11.13) onde ele chama de obreiros fraudulentos. Com certeza, estes eram homens que não tinham o chamado divino para o ministério e nem as qualidades dos companheiros de Paulo, tais como: fidelidade e zelo pela doutrina, como Timóteo e Epafrodito (Fp 2.19, 25). Tal qual nos dias de Paulo, muitos falsos obreiros têm se levantado no meio do povo de Deus, principalmente na mídia televisiva, pregando um evangelho distorcido, sem cruz e sem renúncia (Mc 8.34; Lc 9.23), conduzindo as massas a uma falsa espiritualidade, onde os valores monetáriossão mais importantes do que as virtudes da vida cristã (II Pe 2.3; I Co 13.13).

2.3 “Guardai-vos da circuncisão” (Fp 3.2-a). O termo grego usado por Paulo aqui é katatome que significa “falsa circuncisão”, em contraste com peritome, que quer dizer “circuncisão”. Paulo faz uso desse termo para demonstrar que os judaizantes ensinavam os cristãos gentios a se circuncidarem (At 15.5). O apóstolo declara, que a verdadeira circuncisão é uma obra do Espírito no coração da pessoa, pela qual o pecado e o mal são cortados (Rm 2.25-29; Cl 2.11). Hoje, esses religiosos representam aqueles que estão mais preocupados com rituais e liturgias religiosas do que ter um coração contrito e quebrantado (Is 1.10-17; 57.15; Jr 6.20; Sl 51.17) .

III – A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO

O apóstolo deixa bem claro que a verdadeira circuncisão não é física, e sim, espiritual: “Porque a circuncisão somos nós,que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3.3). Vejamos:

3.1 “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito” (Fp 3.3a). Enquanto os judaizantes se gloriavam do pacto da circuncisão, Paulo ensina que a verdadeira circuncisão é operada no coração (Rm 2.25-29; Ef 2.11; Cl 2.11). No original grego, o termo é latruo, que originalmente significa “servir por aluguel” ou, simplesmente, “servir”. Nas páginas do NT essa palavra é usada para indicar o serviço ritual, como vemos em (Hb 8.5; 9.9; 10.2; 13.10), mas também indica adoração e serviço de modo geral (Lc 1.74; Rm 1.9).

3.2 “...e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não nos gloriamos na carne” (Fp 3.3b). Em outras palavras, Paulo estava dizendo que a confiança do cristão não deve estar baseada no esforço e sacrifício humano, e sim, no que Cristo fez por nós. Enquanto os judaizantes se gloriavam na Lei e nos sacrifícios mosaicos, que, embora importantes para os judeus, eram apenas sombra das coisas futuras
(Hb 8.5; 9.5; 10.1); nós nos gloriamos em Cristo (I Co 1.31; II Co 10.17) e em sua cruz (Gl 6.14). A palavra “carne” neste texto não indica “natureza má”, e sim, coisas humanas, ou seja, as coisas feitas pelo homem em benefício próprio. A ideia de gloriar-se na carne também é mencionada em (II Co 11.18; Gl 6.13,14).

IV – MOTIVOS PELOS QUAIS PAULO PODERIA SE GLORIAR

Em (Fp 3.4-6) Paulo declara que se os privilégios da carne tivessem méritos próprios, ele teria, mais do que todos, muitos motivos para se gloriar. Vejamos:
4.1 “Circuncidado ao oitavo dia”. A circuncisão era o símbolo do pacto abraâmico (Gn 17.10-27; 21.4). Com esta expressão, o apóstolo Paulo estava dizendo que ele não era um convertido à fé judaica, nem fora admitido depois de adulto como um prosélito. Ele era judeu de nascimento, e foi circuncidado ao oitavo dia, conforme a Lei (Lv 12.3; Lc 1.59; At 7.8).
4.2 “Da linhagem de Israel”. Com estas palavras Paulo estava afirmando que era da linhagem de Jacó, que posteriormente passou a se chamar Israel (Gn 32.28; Rm 11.2). Consequentemente, ele declara que não descendia de uma raça mista, como muitos habitantes da Palestina, mas da descendência dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, que eram herdeiros da promessa (Dt 1.8; 6.10; 9.5; II Rs 13.23).
4.3 “Da Tribo de Benjamim”. Paulo era da tribo de Benjamim, uma herança extremamente considerada pelos judeus. De sua tribo, havia nascido Saul, o primeiro rei de Israel (I Sm 10.20-24), de quem se deriva o nome do próprio apóstolo, Saulo (I Sm 9.1,2). Para os judeus isto tinha bastante relevância porque, quando as doze tribos se dividiram –reino do Norte e reino do do Sul – somente
Benjamim se manteve fiel a linhagem de Judá (I Rs 12.21).

4.4 “Hebreu de Hebreus”. O termo hebreu deriva-se de Eber, descendente de Sem, filho de Noé (Gn 10.21) e que, antes do cativeiro babilônico falavam hebraico, mas, após o cativeiro, o aramaico. Paulo declara que não era um meio-judeu, e sim, um judeu, filho de pais judeus. Em outras palavras, ele estava dizendo que a sua genealogia demonstrava que sua origem era judaica, tanto por parte de pai como também de mãe.

4.5 “Segundo a lei, fui fariseu”. Os fariseus faziam parte de um partido religioso cujo principal interesse era a observância da Lei de Moisés. E Paulo foi um deles . Ele praticara desde a infância, com grande zelo, tudo quanto os fariseus afirmavam ser importantes (At 22.2; 23.6; 26.5).

4.6 “Segundo o zelo, perseguidor da Igreja”. Por causa de seu zelo para com a Lei (Jo 16.1-3) e de sua sua ignorância e incredulidade, Paulo, que também se chamava Saulo, desejou aniquilar os seguidores de Jesus e exterminar o Cristianismo (I Co 15.9; Fp 3.6; I Tm 1.13). Por isso, ele pediu cartas ao sumo sacerdote para perseguir os cristãos e conduzi-los presos à Jerusalém (At 9.2; 22.5; 26.12).

4.7 “Segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”. O termo grego para “irrepreensível” é amemptos, que significa “inculpável”, “sem falta”, ou “sem nenhum defeito”. Isto demonstra claramente o quanto o apóstolo viveu de forma íntegra, procurando agradar a Deus, antes mesmo de sua conversão.

V- PRIORIDADES DA VIDA CRISTÃ
Depois de demonstrar que não tinha motivos para se gloriar na “carne”, ou seja, rituais, genealogia e justiça própria, o apóstolo declara quais são as prioridades da vida centralizada em Cristo (Fp 3.7,8). Vejamos:

5.1 “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo (Fp 3.7). Nesse texto, Paulo demonstra que todos os seus privilégios raciais e zelo pela observância da Lei era, na verdade, um empecilho para a autêntica vida espiritual. A palavra “ganho”
deriva-se do grego kerde e significa “vantagem”, “lucro”, “proveito”. Já o termo grego para “perda” é zemia, que quer dizer“dano”, “desvantagem”. Em outras palavras, ele diz que tudo aquilo que ele considerava importante e de valor duradouro, passou a considerar como “perda”. Ele passou a ter um novo conceito de perdas e ganhos (cf Lc 9.23,24; I Co 3.21,23).
5.2 “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fp 3.8a). Paulo diz neste texto que, depois do encontro com Cristo, todas as coisas que ele poderia se gloriar, como a sua genealogia e partido religioso, por exemplo, passou a reputar como perda pela excelência do conhecimento de Cristo.
5.3 “... pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3.8b). O apóstolo declara que as coisas terrenas são, simplesmente, incomparáveis, em relação a Cristo. É como aquele homem que achou um tesouro escondido em um campo, e, por causa dele, vendeu tudo quanto tinha e comprou o campo (Mt 13.44); ou como outro homem que vendeu tudo quanto tinha para comprar uma pérola de grande valor (Mt 13.45,46).

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, os mesmos conselhos paulinos para os filipenses, servem também para nós hoje. Por isso, tal qual os crentes em Filipos, devemos nos alegrar no Senhor, independente das circunstâncias; estar atento quanto aos falsos obreiros, falsos mestres e suas heresias; compreender que a verdadeira circuncisão é espiritual; e, por isso, devemos reconhecer que não devemos nos gloriar na carne, ou seja, genealogia, religião e justiça própria, mas, em Cristo, pois Ele é o nosso maior tesouro e a razão do nosso viver.

Fonte: www.rbc1.com.br

sábado, 3 de agosto de 2013

AS VIRTUDES DOS SALVOS EM CRISTO

De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor;
Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.
Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão. E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo.
Filipenses 2:12-18

INTRODUÇÃO
Em Fp 2.12-18 encontramos preciosas exortações do apóstolo Paulo quanto ao correto procedimento, daqueles que foram salvos por Cristo Jesus. Nesta lição destacaremos algumas dessas admoestações, bem como também as virtudes que pelo Espírito Santo são implantadas naquele que nasce de novo.

I – EXORTAÇÕES PAULINAS AOS FILIPENSES

Diferente das muitas cartas de Paulo, Filipenses não foi escrita primeiramente devido a problemas específicos ou conflitos na igreja, embora ele venha tratar também de assuntos dessa natureza. No entanto, após falar sobre a humilhação e a exaltação de Cristo em (Fp 2.6-11), o apóstolo Paulo trás algumas importantes exortações aos cristãos filipenses a fim de que permanecessem em Cristo (Fp 2.12). A palavra “exortar” no grego parakaleõ quer dizer “admoestar, exortar, instigar”.

▬ Vejamos quais foram estas exortações:

1.1 “De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes” (Fp 2.12-a). A expressão “meus amados” usada pelo apóstolo deixa claro seu afeto pelos crentes de Filipos e em seguida os admoesta a obediência. Como podemos ver, essa reprimenda é suavizada por expressões de amor, pois a repreensão sem o tempero do amor, é destrutiva e não auxiliadora. O termo “obedecestes” vem do termo grego “upakouein”, que subentende a obediência em resultado do ouvir alguma ordem, no caso, dos mandamentos de Cristo, repassados por Paulo a todas as igrejas (I Co 14.37; I Ts 4.2).

1.2 “não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência” (Fp 2.12-b). Esse texto deixa claro que Paulo estava exortando os cristãos filipenses a agirem com transparência, pois a verdadeira obediência se manifesta de forma incondicional e não apenas a vista (Ef 6.6). Enquanto aqueles irmãos obedeceram quando estavam na presença do apóstolo que era o seu pai espiritual, deveriam permanecer sujeitos aos mandamentos do Senhor muito mais agora que Paulo estava distante deles, pois a obediência é a demonstração do amor que temos para com Deus (Jo 14.23; I Jo 5.2,3).

1.3 “assim também operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12-c). A expressão “operai a vossa salvação” usada pelo apóstolo para com os crentes de Filipos, não indica que seja necessário algum tipo de trabalho complementar por parte do crente para que esta salvação seja efetiva, pois o homem é salvo pela graça de Deus independente das obras (Rm 11.6; Gl 2.16; Ef 2.8,9; Tt 3.5), embora seja salvo para as obras (Ef 2.10; Tg 2.24). Além disso deve ser destacado que para Paulo a salvação tem três sentidos distintos:

1.3.1 Salvação no tempo passado. Existe uma dimensão passada para a salvação: a
JUSTIFICAÇÃO – quando um indivíduo é declarado justo devido à sua fé em Cristo e é movido do domínio do pecado a uma posição de reconciliação com Deus (Rm 5.1; I Co 6.11).

1.3.2 Salvação no tempo presente. Há também uma dimensão presente para a salvação: a SANTIFICAÇÃO – oprocesso pelo qual o indivíduo cresce e cada vez mais se assemelha à imagem de Cristo. É nesse aspecto que o apóstolo se refere quando diz a expressão “operai”, pois no grego é katergadzomai, que significa: “produzir, conseguir, atingir”. Esta era a sua meta bem como ele exorta que seja a de todo salvo (Fp 3.13-16).

1.3.3 Salvação no tempo futuro. Existe também uma dimensão futura para a salvação: a GLORIFICAÇÃO – quando todos os propósitos de Deus na reconciliação serão cumpridos na Segunda Vinda de Cristo. Sem dúvida esse era o maior anseio do apóstolo (Fp 3.20,21).

II – A POSTURA DO SALVO NA IGREJA E NO MUNDO

2.1 Na Igreja. Como um pai espiritual dos crentes filipenses, o apóstolo Paulo continua exortando-os, desta vez especificamente reprovando as disputas e murmurações que estavam acontecendo entre eles “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fl 2.14). A expressão “murmurações” no grego é “goggusmos” que quer dizer “queixume, desprazer, sussurros de descontentamento”. Está claro aqui que Paulo denuncia essa prática que sempre envenena as relações entre as pessoas. A murmuração no seio da igreja, causa descontentamento e desajustes, e geralmente se manifesta mediante ataques contra os líderes espirituais, provocando rebeliões. A nossa postura como salvos deve ser de viver em união e amor entre os irmãos (Sl 133; II Co 13.11), respeitando os nossos líderes (Hb 13.17).

2.2 No mundo. Após admoestar os irmãos de Filipos quanto ao comportamento do salvo na igreja, o apóstolo lhes fala sobre a sua conduta, postura ou testemunho no mundo (Fp 2.15). Testemunho cristão é a postura ética, que a Bíbliareivindica de cada um que professa o Nome de Cristo, numa demonstração clara e inequívoca de que, realmente somos seus discípulos (Mt 5.20). A palavra testemunho é oriunda do vocábulo latino “testimoniu” e significa, entre outras coisas: “prova”, “vestígio”, “indício”. No entanto, testemunhar, no aspecto cristão, não é apenas contar o que Deus fez, mas também, pregar através do exemplo pessoal, que realmente somos imitadores de Cristo (I Jo 2.6).

2.2.1 “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis” (Fp 2.15-a). Essas duas expressões
“irrepreensíveis e sinceros” dizem respeito a natureza “interna - sincero” e “externa - irrepreensível", ou seja, internamente eles deveriam ser “puros”, “singelos”, “sem mistura”; e externamente deveriam ser “inculpáveis”, não tendo nenhum censura da parte de Deus e dos homens (II Co 8.21). Como filhos de Deus, devemos ser inculpáveis. No grego está o termo “amomos”, “sem culpa”, esta expressão é usada para indicar a ausência de qualquer defeito nos animais que deveriam ser sacrificados em holocausto, bem como para descrever o caráter puro de Cristo o Cordeiro de Deus (I Pe 1.19). Portanto, o mais elevado grau de pureza é requerido do salvo (II Co 6.6; I Tm 4.12).

2.2.2 “no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2.15-b). O evangelho não nos convida a sairmos do mundo, mas a estarmos distante do mal que há nele e não nos conformarmos com esse sistema dominado por Satanás (Jo 17.15; Rm 12.2; I Jo 5.19). A diferença que exerce o comportamento santo no meio de um mundo corrupto é comparado a influência que exerce a luz no meio das trevas. A
Bíblia diz que “nós somos do dia e não das trevas” (I Ts 5.8) e que “devemos andar como filhos da luz” (Ef 5.8).

III - AS VIRTUDES DOS SALVOS EM CRISTO
A expressão “virtude” é definida pelo Aurélio como: “disposição firme e constante para a prática do bem; boa qualidade moral; força moral; valor”. No grego o termo “arete” denota tudo que obtém estimação preeminente por uma pessoa ou coisa; por conseguinte, “eminência intrínseca, bondade moral, virtude” (VINE, 2002, p. 1066). No contexto da nossa lição diz respeito ao conjunto de virtudes morais e espirituais amadurecidas pelo Espírito Santo na vida do crente como resultado de uma permanente comunhão com Cristo. Vejamos no quadro abaixo, aspectos do Fruto do Espírito:

ASPECTOS DO FRUTO DEFINIÇÃO E REFERÊNCIAS

Caridade (gr. agape) O interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (Rm 5.5; 1 Co 13; Ef5.2; Cl 3.14).

Gozo (gr. chara)
A sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus, bênçãos estas que pertencem àqueles que creem em Cristo (Sl 119.16; 2 Co 6.10; 12.9; 1Pe
1.8; Fp 1.14).

Paz (gr. eirene) A quietude de coração e mente, baseada na convicção de que tudo vai bem entre o crente e seu Pai celestial (Rm 15.33; Fp 4.7; 1Ts 5.23; Hb 13.20).

Longanimidade (gr. makrothumia)
Perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou para o desespero (Ef 4.2; 2Tm 3.10; Hb 12.1).

Benignidade (gr. chrestotes) Não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor (Ef 4.32; Cl 3.12; 1Pe 2.3).

Bondade (gr. agathosune) Zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade (Lc 7.37-50) ou na repreensão e na correção do mal (Mt 21.12,13).

(gr. pistis) Lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade (Mt 23.23; Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7; Tt 2.10).

Mansidão (gr. prautes) Moderação, associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se com equidade quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso (2 Tm 2.25; 1Pe 3.15; para a mansidão de Jesus, cf. Mt 11.29 com 23; Mc 3.5; a de Paulo, cf. 2Co 10.1 com 10.4-6; Gl 1.9; a de Moisés, cf. Nm 12.3 com Êx 32.19,20).

Temperança (gr. enkrateia) O controle ou domínio sobre nossos próprios desejos e paixões, inclusive a fidelidade aos votos conjugais; também a pureza (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5).
CONCLUSÃO

Aqueles que foram alcançados pela graça de Deus devem mostrar através da sua vida e procedimento os
resultados desse milagre operado por Deus através do Espírito Santo, vivendo em paz com os irmãos e andando em santidade diante de Deus e dos homens.

Fonte : www.rcb1.com.br ▬ Lições da Escola Dominical